Organizada pela Associação Cristã de Empresários e Gestores. As pessoas responsáveis foram, o Rui Corrêa de Oliveira, o Gonçalo Corrêa de Oliveira e o padre Mário Rui Pedras, na qualidade de assistente espiritual desta associação. Acompanhou-nos o Sr. António Ramos da Agência de Viagens Geotur e em Israel, tivemos um guia, judeu e brasileiro, o Alex e um motorista árabe cirstão, o Saher.
Toda esta peregrinação foi muito bem pensada e organizada, tivemos duas reuniões de preparação semanas antes da partida, com a finalidade de todos e cada um, tirarem o máximo de partido desta experiência fantástica que é a de seguir os passos de Jesus na Sua Terra. O trabalho proposto foi, então, o de ler o Livro do Papa Bento XVI “Jesus de Nazaré” e o Evangelho de S João. De notar que toda a peregrinação foi muito bem preparada em todos os aspectos importantes para uma viagem, mas especialmente, no que toca à parte espiritual, pois em todos os lugares por onde passámos, descritos abaixo, fizemos memória das palavras de Jesus ou acontecimentos que marcaram cada um desses lugares. Foi exactamente isso que deu consistência espiritual ao nosso peregrinar!
No dia 18 de Janeiro, sexta-feira, à hora do almoço, iniciámos a nossa peregrinação com o encontro no Aeroporto de Lisboa. Foi-nos entregue um saco com um guia e alguma documentação útil para a nossa viagem, além de uma identificação com o nosso nome e os números de tm dos guias da peregrinação. Nada ficou por pensar! Neste dia dormimos em Frankfurt.
Dia 19, sábado partimos de Frankfurt para Tel Aviv, e nessa noite já dormimos em Nazaré, onde depois do jantar ainda fomos rezar um terço com a comunidade árabe cristã local. O terço foi rezado no adro da Basílica da Anunciação. É sempre impressionante rezar em conjunto com pessoas que não conhecemos e que falam outra língua e sentir sintonia, porque estamos ali pela mesma razão.
Dia 20, domingo, de manhã cedo, fomos novamente para a Basílica da Anunciação, construída em cima das ruínas da casa de Nossa Senhora e no local onde era a pequena aldeia de Nazaré. Aqui viveu Maria o momento da Anunciação. Mais tarde e já depois da fuga para o Egipto, a Sagrada Família viveu na antiga casa de S. José, a 100 metros da casa de Nossa Senhora, onde está hoje construída a igreja da Sagrada Família. Nesta basílica, e à volta de um altar aí construído, ouvimos missa rezada pelo Padre Mário Rui. Depois do almoço fomos a Banias (Cesareia de Felipe) perto da nascente do Rio Jordão, onde renovámos as promessas do Baptismo, mergulhando umas medalhas de barro feitas para esta cerimónia, em água benzida e apanhada ali na cascata, para esse efeito. À noite fomos rezar um terço individualmente e em silêncio novamente em frente da casa de Nossa Senhora. Nesta basílica vivemos um dos momentos fortes, pois não nos foi indiferente estar onde toda a história começou. Que privilégio poder estar perante aquelas ruínas! Impressionante ver uma inscrição em grego datada do séc. I onde se lê XE MAPIA, que quer dizer Ave-Maria.
Dia 21, segunda-feira, começámos o dia com um tempo lindo e fomos directos para o Monte das Bem Aventuranças e descemos a pé até ao Lago de Tiberíades. Estivemos em Tabgha - Lugar do Primado. Rezámos missa num anfiteatro ao ar livre, vimos a igreja da Multiplicação e fomos a Cafarnaum, onde visitámos as suas ruínas, passando pela sinagoga e vendo o que resta da casa de S. Pedro, onde se sabe que Jesus viveu, quando iniciou a sua vida pública. De seguida apanhámos um barco para a outra margem do lago, onde almoçámos o peixe grelhado de São Pedro, tal como Jesus fez com os seus discípulos. Antes de escurecer, subimos aos Montes Golan de onde se pode ver todo o lago de Tiberíades, uma vista fantástica. Regressámos ao hotel, rezando um terço pelo caminho, e depois do jantar tivemos um encontro onde todos se apresentaram e explicaram a razão pela qual tinham decidido realizar esta viagem. Pontos altos deste dia. Descida do Monte das Bem-Aventuranças, relembrando, em silêncio, as respectivas passagens do Evangelho. A travessia do lago, com uma paragem a meio, onde lemos o Evangelho do milagre de Jesus a andar sobre as águas, acabando o resto da travessia em silêncio. A leitura do Evangelho onde Jesus Se deu a conhecer como o Messias, na mesma sinagoga onde Ele o fez. O encontro da noite que se tornou num ponto de viragem na vontade de todos nós nos querermos conhecer uns aos outros, tentando perceber porquê estas pessoas e não outras!
Dia 22, terça-feira, acordámos cedo como todos os dias, mas com um dia muito triste, muito frio e chuvoso. Subimos ao Monte Tabor, onde estava ainda mais frio e assistimos à missa na Igreja da Transfiguração. Em seguida descemos o Vale do Jordão passando por Jericó - aqui Jesus foi baptizado por S.João. Daí seguimos até ao Mar Morto, onde vimos a outra face do Rio Jordão, isto é, uma água sem vida. Depois de constatarmos que a sua nascente era tão pura e tão limpa, mas que ao longo do seu percurso se pôde estragar, fizemos a analogia com as nossas vidas e como elas podem ter percursos semelhantes ao do rio, se não cuidarmos das nossas almas e da nossa relação com Deus. Almoçámos em Qumram. Em seguida fizemos a experiência do Deserto, onde tentámos cada um por si e em silêncio, discernir quais as tentações que mais nos afastam de Deus. Subimos para Jerusalém e antes de entrar na cidade, parámos no Monte Scopus, onde fizemos uma pequena oração e bebemos um vinho do Porto para festejar a chegada ao cume desse monte, de onde se tem uma vista sobre toda a cidade de Jerusalém, sobre a qual Jesus chorou. Chegada ao Hotel de Jerusalém, jantar e encontro, onde partilhámos todas as emoções fortes do dia tentando exprimir o que mais nos tocou na experiência do Deserto.
Dia 23,quarta-feira, começámos por subir a Ein Karim. Visitámos a Igreja de S. João Baptista e a da Visitação, lugar para onde Zacarias retirou Sta Isabel quando estava à espera de S João Baptista. Nelas existem painéis nas paredes exteriores com o Benedictus e o Magnificat, em todas as línguas do mundo. Fizemos memória destes dois momentos. À tarde fomos ver uma Maquete de Jerusalém ao tempo de Jesus para perceber melhor como era a Cidade nesse tempo. De seguida e depois de passármos o muro que divide Israel da Cisjordânia, com toda a sua segurança policial e vistorias necessárias ao autocarro, fomos a Belém, à Igreja da Natividade - lugar da gruta onde nasceu o Menino Jesus e, actualmente, um espaço ortodoxo. Ainda em Belém fomos ao Mosteiro do Emanuel, pertença de Irmãs Beneditinas católicas embora de rito bizantino. Mais uma vez tivemos missa rezada pelo padre Mário Rui e depois fomos recebidos com um chá quentinho e umas bolachas. Depois deste reconfortante lanche tivemos ocasião para comprar artesanato feito por estas Irmãs que, com tanta alegria nos receberam, alegria que não nos deixou indiferentes. Sendo esta uma das formas de ajudar à sobrevivência dos cristãos neste lugar, antes de voltarmos para Jerusalém ainda visitámos outra loja de cristãos árabes para fazer mais umas compras. Voltámos a passar o muro de volta para Jerusalém, onde 15 minutos mais tarde jantámos no Hotel, voltando a sair já à noite para uma visita aos telhados da Cidade e ao Muro das Lamentações. Neste dia o momento mais tocante foi estar na gruta onde nasceu Jesus e verificar como os lugares sagrados são ponto de discórdia entre as várias igrejas cristãs, em vez de união. O Muro das Lamentações, com toda a sua carga histórica, também não nos deixou indiferentes, ajudando a perceber algumas lógicas dos rituais judaicos.
Dia 24, quinta-feira, de manhã cedo fomos para a Cidade – Velha, onde visitámos as ruínas da cidade ao tempo de Jesus, desse modo percebendo melhor o que íamos vendo. Voltámos a passar no Muro das Lamentações mas desta vez do lado das ruínas, seguindo para o lugar do Templo, hoje sobre custódia Muçulmana, o que obriga a uma vistoria à entrada para detectar eventuais armas… Aqui vimos apenas por fora todo o espaço envolvente do antigo templo onde hoje está construída a Mesquita do Rochedo. Ao sair dirigimo-nos para o Monte Sião, e visitámos a Igreja da Dormição de Maria, lugar onde segundo a tradição, Maria acabou os seus dias e adormeceu no Amor do Senhor. No Cenáculo, local onde não se pode celebrar missa por não pertencer à igreja católica, fizemos memória de alguns momentos importantes, tais como, a Última Ceia, o Lava-pés e o Milagre de Pentecostes. À tarde e depois de uma missa perto do Cenáculo, fomos para o Monte das Oliveiras, Lugar onde Jesus chorou antes de entrar em Jerusalém no Domingo de Ramos. Aqui fazendo memória desse acontecimento, edificaram uma igreja em forma de lágrima e com um altar em que o fundo é uma grande janela, com uma vista sobre a cidade chorada por Jesus. Neste jardim e com esta vista sobre a cidade rezamos um terço. Foi inspirado nesta janela que o Rui desenhou o logótipo da Peregrinação. Passámos, ainda, numa igreja ortodoxa, onde segundo a tradição deles, está o túmulo de Nossa Senhora. É aqui que podemos ver o lugar onde Jesus recebeu o beijo de Judas. Nesta noite viemos à Basílica da Agonia no Vale do Cédron, onde vivemos outro dos momentos mais altos e de maior densidade espiritual da semana. Aqui tivemos uma noite de Adoração ao Santíssimo, em que, cada um colocou no Altar uma vela com o seu nome, em representação da nossa entrega à vontade de Deus. Este momento foi orientado pelo Padre Mário Rui. No fim todos passamos na Pedra que faz parte do Altar da Basílica e onde desde o séc. I se relembra a Agonia do Senhor e onde ele suou sangue. No jardim estão Oliveiras com 3 mil anos, contemporâneas de Jesus. Estão dentro do convento dos franciscanos que nos permitiram esta hora de Adoração e a visita a estas árvores, nas quais não é possível tocar. Voltamos para o hotel em silêncio. A vivência tinha sido muito intensa. Sem palavras.
Dia, 25, sexta-feira, acordámos ainda mais cedo, cinco e meia da manhã. Entrámos na Cidade Velha pela Porta dos Leões. Percorremos a Via-Sacra, com as lojas árabes ainda fechadas, única forma possível de o fazer. Fomos levando a cruz à vez e acabámos na Basílica do Santo Sepulcro. Para entrar nesta Basílica tivemos que passar pela Igreja Ortodoxa Etíope, por sinal uma comunidade muito pobre. Tal como na Basílica da Natividade existe uma grande tensão entre as várias igrejas à volta dos lugares santos. Dentro desta, no lugar da crucificação, o Monte Golgotá, acabámos a Via-sacra. Depois dirigimo-nos para o local que pertence à igreja católica, mais propriamente aos Franciscanos, onde rezamos a Missa da Ressurreição. Aqui vivemos mais um momento alto com esta missa rematando a experiência de fazer a Via-Sacra nos mesmos lugares por onde Jesus passou. Todas estas vivências convidaram-nos a uma reflexão interior muito grande. Finda a missa fomos visitar o Santo Sepulcro e o resto da Basílica. Na parte exterior tirámos a fotografia de grupo para recordação e fizemos o caminho da Via-Sacra no sentido contrário já com a sua vida habitual de um bairro árabe. Antes do almoço ainda fomos visitar as Piscinas Probáticas e a Igreja de Sta Ana cuja acústica é fantástica. Neste dia tivemos tarde livre.
Dia 26, sábado, o dia começou cinzento, frio e chuvoso, parecendo que nos acompanhava na nossa melancolia em deixar os lugares onde vivemos uma experiência tão forte e tão boa durante toda a semana. Fomos para Emaús, lugar onde Jesus Ressuscitado se deu a conhecer aos discípulos, com o partir do Pão. Nesta terra almoçamos num simpático convento das Irmãs de S. José irlandesas que nos receberam com a habitual alegria com que todos os cristãos sempre nos receberam ao longo de toda a peregrinação e que tanto nos tocou.
Tentei relatar todos os passos dados de forma resumida para não tornar extenso este texto. Quis aqui deixar um testemunho escrito para relembrar o que vivi e me marcou. É impossível descrever tudo o que senti e vivi, apenas posso dizer que o que se viveu nesta semana não deixa ninguém indiferente. Foi fantástico verificar o efeito que teve em todos nós ouvir o Evangelho nos domingos seguintes. Tem sido muito especial continuar a viver esta experiência através da Internet com todo o grupo. É impossível conter a vontade de partilhar o que vivemos. Peço a Deus que continue connosco e não deixe cair, de novo, na noite da indiferença.
Acabo agradecendo a toda a organização, pedindo a Deus que os encha de bênçãos, pois não tenho dúvida de que esta é uma missão que agrada ao Senhor!
Luísa Pinto Leite
Organizada pela Associação Cristã de Empresários e Gestores. As pessoas responsáveis foram, o Rui Corrêa de Oliveira, o Gonçalo Corrêa de Oliveira e o padre Mário Rui Pedras, na qualidade de assistente espiritual desta associação. Acompanhou-nos o Sr. António Ramos da Agência de Viagens Geotur e em Israel, tivemos um guia, judeu e brasileiro, o Alex e um motorista árabe cirstão, o Saher.
Toda esta peregrinação foi muito bem pensada e organizada, tivemos duas reuniões de preparação semanas antes da partida, com a finalidade de todos e cada um, tirarem o máximo de partido desta experiência fantástica que é a de seguir os passos de Jesus na Sua Terra. O trabalho proposto foi, então, o de ler o Livro do Papa Bento XVI “Jesus de Nazaré” e o Evangelho de S João. De notar que toda a peregrinação foi muito bem preparada em todos os aspectos importantes para uma viagem, mas especialmente, no que toca à parte espiritual, pois em todos os lugares por onde passámos, descritos abaixo, fizemos memória das palavras de Jesus ou acontecimentos que marcaram cada um desses lugares. Foi exactamente isso que deu consistência espiritual ao nosso peregrinar!
No dia 18 de Janeiro, sexta-feira, à hora do almoço, iniciámos a nossa peregrinação com o encontro no Aeroporto de Lisboa. Foi-nos entregue um saco com um guia e alguma documentação útil para a nossa viagem, além de uma identificação com o nosso nome e os números de tm dos guias da peregrinação. Nada ficou por pensar! Neste dia dormimos em Frankfurt.
Dia 19, sábado partimos de Frankfurt para Tel Aviv, e nessa noite já dormimos em Nazaré, onde depois do jantar ainda fomos rezar um terço com a comunidade árabe cristã local. O terço foi rezado no adro da Basílica da Anunciação. É sempre impressionante rezar em conjunto com pessoas que não conhecemos e que falam outra língua e sentir sintonia, porque estamos ali pela mesma razão.
Dia 20, domingo, de manhã cedo, fomos novamente para a Basílica da Anunciação, construída em cima das ruínas da casa de Nossa Senhora e no local onde era a pequena aldeia de Nazaré. Aqui viveu Maria o momento da Anunciação. Mais tarde e já depois da fuga para o Egipto, a Sagrada Família viveu na antiga casa de S. José, a 100 metros da casa de Nossa Senhora, onde está hoje construída a igreja da Sagrada Família. Nesta basílica, e à volta de um altar aí construído, ouvimos missa rezada pelo Padre Mário Rui. Depois do almoço fomos a Banias (Cesareia de Felipe) perto da nascente do Rio Jordão, onde renovámos as promessas do Baptismo, mergulhando umas medalhas de barro feitas para esta cerimónia, em água benzida e apanhada ali na cascata, para esse efeito. À noite fomos rezar um terço individualmente e em silêncio novamente em frente da casa de Nossa Senhora. Nesta basílica vivemos um dos momentos fortes, pois não nos foi indiferente estar onde toda a história começou. Que privilégio poder estar perante aquelas ruínas! Impressionante ver uma inscrição em grego datada do séc. I onde se lê XE MAPIA, que quer dizer Ave-Maria.
Dia 21, segunda-feira, começámos o dia com um tempo lindo e fomos directos para o Monte das Bem Aventuranças e descemos a pé até ao Lago de Tiberíades. Estivemos em Tabgha - Lugar do Primado. Rezámos missa num anfiteatro ao ar livre, vimos a igreja da Multiplicação e fomos a Cafarnaum, onde visitámos as suas ruínas, passando pela sinagoga e vendo o que resta da casa de S. Pedro, onde se sabe que Jesus viveu, quando iniciou a sua vida pública. De seguida apanhámos um barco para a outra margem do lago, onde almoçámos o peixe grelhado de São Pedro, tal como Jesus fez com os seus discípulos. Antes de escurecer, subimos aos Montes Golan de onde se pode ver todo o lago de Tiberíades, uma vista fantástica. Regressámos ao hotel, rezando um terço pelo caminho, e depois do jantar tivemos um encontro onde todos se apresentaram e explicaram a razão pela qual tinham decidido realizar esta viagem. Pontos altos deste dia. Descida do Monte das Bem-Aventuranças, relembrando, em silêncio, as respectivas passagens do Evangelho. A travessia do lago, com uma paragem a meio, onde lemos o Evangelho do milagre de Jesus a andar sobre as águas, acabando o resto da travessia em silêncio. A leitura do Evangelho onde Jesus Se deu a conhecer como o Messias, na mesma sinagoga onde Ele o fez. O encontro da noite que se tornou num ponto de viragem na vontade de todos nós nos querermos conhecer uns aos outros, tentando perceber porquê estas pessoas e não outras!
Dia 22, terça-feira, acordámos cedo como todos os dias, mas com um dia muito triste, muito frio e chuvoso. Subimos ao Monte Tabor, onde estava ainda mais frio e assistimos à missa na Igreja da Transfiguração. Em seguida descemos o Vale do Jordão passando por Jericó - aqui Jesus foi baptizado por S.João. Daí seguimos até ao Mar Morto, onde vimos a outra face do Rio Jordão, isto é, uma água sem vida. Depois de constatarmos que a sua nascente era tão pura e tão limpa, mas que ao longo do seu percurso se pôde estragar, fizemos a analogia com as nossas vidas e como elas podem ter percursos semelhantes ao do rio, se não cuidarmos das nossas almas e da nossa relação com Deus. Almoçámos em Qumram. Em seguida fizemos a experiência do Deserto, onde tentámos cada um por si e em silêncio, discernir quais as tentações que mais nos afastam de Deus. Subimos para Jerusalém e antes de entrar na cidade, parámos no Monte Scopus, onde fizemos uma pequena oração e bebemos um vinho do Porto para festejar a chegada ao cume desse monte, de onde se tem uma vista sobre toda a cidade de Jerusalém, sobre a qual Jesus chorou. Chegada ao Hotel de Jerusalém, jantar e encontro, onde partilhámos todas as emoções fortes do dia tentando exprimir o que mais nos tocou na experiência do Deserto.
Dia 23,quarta-feira, começámos por subir a Ein Karim. Visitámos a Igreja de S. João Baptista e a da Visitação, lugar para onde Zacarias retirou Sta Isabel quando estava à espera de S João Baptista. Nelas existem painéis nas paredes exteriores com o Benedictus e o Magnificat, em todas as línguas do mundo. Fizemos memória destes dois momentos. À tarde fomos ver uma Maquete de Jerusalém ao tempo de Jesus para perceber melhor como era a Cidade nesse tempo. De seguida e depois de passármos o muro que divide Israel da Cisjordânia, com toda a sua segurança policial e vistorias necessárias ao autocarro, fomos a Belém, à Igreja da Natividade - lugar da gruta onde nasceu o Menino Jesus e, actualmente, um espaço ortodoxo. Ainda em Belém fomos ao Mosteiro do Emanuel, pertença de Irmãs Beneditinas católicas embora de rito bizantino. Mais uma vez tivemos missa rezada pelo padre Mário Rui e depois fomos recebidos com um chá quentinho e umas bolachas. Depois deste reconfortante lanche tivemos ocasião para comprar artesanato feito por estas Irmãs que, com tanta alegria nos receberam, alegria que não nos deixou indiferentes. Sendo esta uma das formas de ajudar à sobrevivência dos cristãos neste lugar, antes de voltarmos para Jerusalém ainda visitámos outra loja de cristãos árabes para fazer mais umas compras. Voltámos a passar o muro de volta para Jerusalém, onde 15 minutos mais tarde jantámos no Hotel, voltando a sair já à noite para uma visita aos telhados da Cidade e ao Muro das Lamentações. Neste dia o momento mais tocante foi estar na gruta onde nasceu Jesus e verificar como os lugares sagrados são ponto de discórdia entre as várias igrejas cristãs, em vez de união. O Muro das Lamentações, com toda a sua carga histórica, também não nos deixou indiferentes, ajudando a perceber algumas lógicas dos rituais judaicos.
Dia 24, quinta-feira, de manhã cedo fomos para a Cidade – Velha, onde visitámos as ruínas da cidade ao tempo de Jesus, desse modo percebendo melhor o que íamos vendo. Voltámos a passar no Muro das Lamentações mas desta vez do lado das ruínas, seguindo para o lugar do Templo, hoje sobre custódia Muçulmana, o que obriga a uma vistoria à entrada para detectar eventuais armas… Aqui vimos apenas por fora todo o espaço envolvente do antigo templo onde hoje está construída a Mesquita do Rochedo. Ao sair dirigimo-nos para o Monte Sião, e visitámos a Igreja da Dormição de Maria, lugar onde segundo a tradição, Maria acabou os seus dias e adormeceu no Amor do Senhor. No Cenáculo, local onde não se pode celebrar missa por não pertencer à igreja católica, fizemos memória de alguns momentos importantes, tais como, a Última Ceia, o Lava-pés e o Milagre de Pentecostes. À tarde e depois de uma missa perto do Cenáculo, fomos para o Monte das Oliveiras, Lugar onde Jesus chorou antes de entrar em Jerusalém no Domingo de Ramos. Aqui fazendo memória desse acontecimento, edificaram uma igreja em forma de lágrima e com um altar em que o fundo é uma grande janela, com uma vista sobre a cidade chorada por Jesus. Neste jardim e com esta vista sobre a cidade rezamos um terço. Foi inspirado nesta janela que o Rui desenhou o logótipo da Peregrinação. Passámos, ainda, numa igreja ortodoxa, onde segundo a tradição deles, está o túmulo de Nossa Senhora. É aqui que podemos ver o lugar onde Jesus recebeu o beijo de Judas. Nesta noite viemos à Basílica da Agonia no Vale do Cédron, onde vivemos outro dos momentos mais altos e de maior densidade espiritual da semana. Aqui tivemos uma noite de Adoração ao Santíssimo, em que, cada um colocou no Altar uma vela com o seu nome, em representação da nossa entrega à vontade de Deus. Este momento foi orientado pelo Padre Mário Rui. No fim todos passamos na Pedra que faz parte do Altar da Basílica e onde desde o séc. I se relembra a Agonia do Senhor e onde ele suou sangue. No jardim estão Oliveiras com 3 mil anos, contemporâneas de Jesus. Estão dentro do convento dos franciscanos que nos permitiram esta hora de Adoração e a visita a estas árvores, nas quais não é possível tocar. Voltamos para o hotel em silêncio. A vivência tinha sido muito intensa. Sem palavras.
Dia, 25, sexta-feira, acordámos ainda mais cedo, cinco e meia da manhã. Entrámos na Cidade Velha pela Porta dos Leões. Percorremos a Via-Sacra, com as lojas árabes ainda fechadas, única forma possível de o fazer. Fomos levando a cruz à vez e acabámos na Basílica do Santo Sepulcro. Para entrar nesta Basílica tivemos que passar pela Igreja Ortodoxa Etíope, por sinal uma comunidade muito pobre. Tal como na Basílica da Natividade existe uma grande tensão entre as várias igrejas à volta dos lugares santos. Dentro desta, no lugar da crucificação, o Monte Golgotá, acabámos a Via-sacra. Depois dirigimo-nos para o local que pertence à igreja católica, mais propriamente aos Franciscanos, onde rezamos a Missa da Ressurreição. Aqui vivemos mais um momento alto com esta missa rematando a experiência de fazer a Via-Sacra nos mesmos lugares por onde Jesus passou. Todas estas vivências convidaram-nos a uma reflexão interior muito grande. Finda a missa fomos visitar o Santo Sepulcro e o resto da Basílica. Na parte exterior tirámos a fotografia de grupo para recordação e fizemos o caminho da Via-Sacra no sentido contrário já com a sua vida habitual de um bairro árabe. Antes do almoço ainda fomos visitar as Piscinas Probáticas e a Igreja de Sta Ana cuja acústica é fantástica. Neste dia tivemos tarde livre.
Dia 26, sábado, o dia começou cinzento, frio e chuvoso, parecendo que nos acompanhava na nossa melancolia em deixar os lugares onde vivemos uma experiência tão forte e tão boa durante toda a semana. Fomos para Emaús, lugar onde Jesus Ressuscitado se deu a conhecer aos discípulos, com o partir do Pão. Nesta terra almoçamos num simpático convento das Irmãs de S. José irlandesas que nos receberam com a habitual alegria com que todos os cristãos sempre nos receberam ao longo de toda a peregrinação e que tanto nos tocou.
Tentei relatar todos os passos dados de forma resumida para não tornar extenso este texto. Quis aqui deixar um testemunho escrito para relembrar o que vivi e me marcou. É impossível descrever tudo o que senti e vivi, apenas posso dizer que o que se viveu nesta semana não deixa ninguém indiferente. Foi fantástico verificar o efeito que teve em todos nós ouvir o Evangelho nos domingos seguintes. Tem sido muito especial continuar a viver esta experiência através da Internet com todo o grupo. É impossível conter a vontade de partilhar o que vivemos. Peço a Deus que continue connosco e não deixe cair, de novo, na noite da indiferença.
Acabo agradecendo a toda a organização, pedindo a Deus que os encha de bênçãos, pois não tenho dúvida de que esta é uma missão que agrada ao Senhor!
Luísa Pinto Leite
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Estou óptima!
Quero partilhar convosco este texto muito bem escrito sobre a doença da (sétima!!) filha de uma amiga Minha, a Maria Mathias que considero uma lição de confiança nos desígnios e amor de Deus.
Rita Salgado
Queridos todos
A nossa adorada Marta fez análises na segunda-feira dia 4 e confirmou-se que os valores estão a subir: hemoglobina a 10.8 (fazem transfusão abaixo de 7), 240.000 plaquetas (transfunde-se abaixo de 20.000), 800 neutrófilos... Esta aplasia (período em que os valores batem no fundo do poço) foi passada em casa! Agora, se não houver outro tipo de complicações, a Marta vai para o IPO na segunda dia 11, faz análises para confirmar que está tudo bem e começa a sua quarta quimioterapia.
Estes dias que a Marta passou em casa proporcionaram-me umas abertas a mim, Mãe da Marta - como somos tratadas no IPO. Nessas rápidas saídas, tenho encontrado pessoas que, muito atenciosas e preocupadas, me perguntam como é que eu estou. Eu respondo "Estou óptima!" Olham para mim perplexas, sem saber bem se estou a ser irónica, se estou a leste ou se simplesmente já 'me passei'! Mas a verdade é mesmo esta: estou óptima!
Estou também completamente ciente da gravidade do cancro da Marta. Sei que as leucémias mieloblásticas têm uma percentagem de cura que ronda os 30 por cento, que o facto do cancro se ter desenvolvido antes da Marta ter um ano, agrava a coisa, que os cancros têm a característica de serem imprevisíveis: agora está-se a reagir bem e daqui a meia hora está-se em perigo iminente de vida... Tendo já quatro meses de IPO, com vários internamentos e isolamentos, posso dizer que já vi muito. Já vi crianças moribundas que no dia seguinte entraram na salinha dos brinquedos pelo seu pé e já vi crianças que se diria tinham finalmente 'dado a volta' e que no dia seguinte tinham morrido. E já vi aquelas cujo estado geral se deteriora de tal maneira que vão ficando cada vez mais no seu quarto, cada vez mais ausentes até entrarem em coma cada vez mais profundo e morrerem.
Dou-me conta que mais ainda que o desenrolar do próprio cancro, há um sem fim de complicações que aparecem para alterar os prognósticos e os subsequentes tratamentos. Sei também que o processo está longe de estar concluído: quando acabar esta fase vem um ano da chamada 'manutenção' e depois vem a vigilância constante e regular: não se sabendo o que provoca este cancro não se têm pistas para antecipar uma possível recaída. E se houver recaída, tudo fica bem mais difícil e as hipóteses de cura bem mais remotas. Prognósticos aqui, só mesmo no fim do jogo!
E depois, há os tratamentos que são brutais. E brutais as consequências e os efeitos secundários dos tratamentos. E brutais todas aquelas coisas que se espera não aconteçam mas que já aconteceram noutros casos... E há as biópsias sob anestesia e ficar meio dia sem poder comer nem beber, e há as punções lombares feitas sem anestesia... E é a perspectiva de mais internamentos e de mais isolamentos e da vida posta de lado durante anos... E é o dó daqueles que sofrem sem se queixar, e daqueles que não aguentam mais, e dos pais que não são capazes de lidar com a doença, e das crianças que choram, choram... E é o ambiente que pode ser tão pesado que os próprios médicos dizem: 'há dias que nenhuma palavra é capaz de descrever o que aqui se passa'...
Para não falar no famoso transplante que a ouvir as pessoas é tão simples como tomar uma aspirina. Simples é, na medida em que o transplantado recebe a medula a transplantar através do caterer: parece uma transfusão. Mas aqui acabam as parecenças. Para preparar o doente para o transplante é preciso 'eliminar' por completo a medula do próprio, o que é feito com doses ainda mais 'letais' de quimioterapia e outros processos. E depois é preciso que o transplante agarre, que não seja rejeitado, que não rejeite o seu novo hospedeiro, que o que resta do sistema imunológico do doente não se ponha a combater desenfreadamente este invasor... E os vómitos, e os enjoos, e as feridas no sistema digestivo, e os problemas na pele, e as complicações... são proporcionais. E este isolamento sim é rigorosíssimo e não costuma durar menos de dois a três meses.
No meio disto tudo, a Marta tem tido um percurso surpreendentemente bom.
Porque a quimio tem resultado (há crianças cujos cancros não cedem nem um milímetro a doses sucessivas de quimioterapia), porque de todas as infecções que podia já ter feito - fez poucas, porque de todas as complicações - só fez a dos fungos... Porque odiava 'fazer o penso do cateter' que tem que ser mudado todas as semanas, chorava, gritava, debatia-se e ficava roxa que nem uma beringela (descolam-se os adesivos que agarram à pele e isolam de infecções primárias, limpa-se, desinfecta-se com alcóol e colocam-se novos adesivos) mas já fez dois pensos sem chorar! No hospital de dia toda a gente sabe que de todas as crianças que por lá passaram só havia uma menina que não chorava quando fazia o penso. Agora se calhar vai passar a haver uma segunda.
E esse famoso cateter que tem funcionado sem problemas! Há crianças que com o mesmo tempo de cancro que a Marta já mudaram 4 vezes de cateter, outras que não podem pôr cateter.... E é vê-los serem picados para tirar sangue, para fazer tratamentos. E já nem tem a ver com a perícia das enfermeiras que é muita, tem a ver com a saturação e a dificuldade em gerir esta 'doença prolongada'.
A Marta é um deslumbramento e vive este desafio com uma maturidade e um sentido de humor que fazem pasmar todos: ao pé dela, a gente sente-se bem! Como não tem irmãos compatíveis e tem respondido bem aos tratamentos, os médicos decidiram não agendar para já o transplante na esperança de que a Marta seja dos raríssimos casos de mieloblásticas que se curam sem transplante. Eu acho isto uma benção do céu, não acham?
Perante tanto milagre, tanto mimo de Deus, como não viver em acção de graças?
Como não receber com toda a gratidão os paliativos que Deus nos manda, à Marta e a nós?
Como não louvar a Deus por esta avalanche de orações que amigos e desconhecidos têm feito descer sobre nós?
Nunca achámos que a vida fosse feita sobretudo ou só de coisas boas. Se agradecemos essas, como não agradecer as outras?
Se pedimos a Deus para acabar a vida nos Seus braços divinos, como achar que o nosso caminhar se pode fazer à margem daquilo que é intrinsecamente humano e que inclui dor e sofrimento?
Se sabemos que Deus gosta da Marta e de cada um de nós com um amor indizível e irrepetível, que para ela e cada um tem um projecto de amor perfeito, como não confiar, sem réstia de medo?
Se sabemos que nos entregámos à Providência misericordiosa de Deus, como não viver em absoluta paz?
Se sabemos que a fé é um dom gratuito, como não o receber com toda a humildade?
A felicidade não é a ausência de dor. A morte é a passagem para a verdadeira vida.
Deus criou-nos para sermos felizes: em que é que andamos a perder tempo?
De facto, a única coisa que devemos temer é o mau uso da nossa liberdade porque isso sim afasta-nos da felicidade.
Tudo o mais é a certeza absoluta do carinho e da ternura avassaladora de Deus por cada um de nós. Ser feliz é ter a certeza do amor de Deus por mim. É cantar, como Nossa Senhora, o meu 'Magnificat'.
Como é que eu estou? Estou óptima!
(in www.oblogdamartinha.blogspot.com)
7 de Fevereiro de 2008
Rita Salgado
Queridos todos
A nossa adorada Marta fez análises na segunda-feira dia 4 e confirmou-se que os valores estão a subir: hemoglobina a 10.8 (fazem transfusão abaixo de 7), 240.000 plaquetas (transfunde-se abaixo de 20.000), 800 neutrófilos... Esta aplasia (período em que os valores batem no fundo do poço) foi passada em casa! Agora, se não houver outro tipo de complicações, a Marta vai para o IPO na segunda dia 11, faz análises para confirmar que está tudo bem e começa a sua quarta quimioterapia.
Estes dias que a Marta passou em casa proporcionaram-me umas abertas a mim, Mãe da Marta - como somos tratadas no IPO. Nessas rápidas saídas, tenho encontrado pessoas que, muito atenciosas e preocupadas, me perguntam como é que eu estou. Eu respondo "Estou óptima!" Olham para mim perplexas, sem saber bem se estou a ser irónica, se estou a leste ou se simplesmente já 'me passei'! Mas a verdade é mesmo esta: estou óptima!
Estou também completamente ciente da gravidade do cancro da Marta. Sei que as leucémias mieloblásticas têm uma percentagem de cura que ronda os 30 por cento, que o facto do cancro se ter desenvolvido antes da Marta ter um ano, agrava a coisa, que os cancros têm a característica de serem imprevisíveis: agora está-se a reagir bem e daqui a meia hora está-se em perigo iminente de vida... Tendo já quatro meses de IPO, com vários internamentos e isolamentos, posso dizer que já vi muito. Já vi crianças moribundas que no dia seguinte entraram na salinha dos brinquedos pelo seu pé e já vi crianças que se diria tinham finalmente 'dado a volta' e que no dia seguinte tinham morrido. E já vi aquelas cujo estado geral se deteriora de tal maneira que vão ficando cada vez mais no seu quarto, cada vez mais ausentes até entrarem em coma cada vez mais profundo e morrerem.
Dou-me conta que mais ainda que o desenrolar do próprio cancro, há um sem fim de complicações que aparecem para alterar os prognósticos e os subsequentes tratamentos. Sei também que o processo está longe de estar concluído: quando acabar esta fase vem um ano da chamada 'manutenção' e depois vem a vigilância constante e regular: não se sabendo o que provoca este cancro não se têm pistas para antecipar uma possível recaída. E se houver recaída, tudo fica bem mais difícil e as hipóteses de cura bem mais remotas. Prognósticos aqui, só mesmo no fim do jogo!
E depois, há os tratamentos que são brutais. E brutais as consequências e os efeitos secundários dos tratamentos. E brutais todas aquelas coisas que se espera não aconteçam mas que já aconteceram noutros casos... E há as biópsias sob anestesia e ficar meio dia sem poder comer nem beber, e há as punções lombares feitas sem anestesia... E é a perspectiva de mais internamentos e de mais isolamentos e da vida posta de lado durante anos... E é o dó daqueles que sofrem sem se queixar, e daqueles que não aguentam mais, e dos pais que não são capazes de lidar com a doença, e das crianças que choram, choram... E é o ambiente que pode ser tão pesado que os próprios médicos dizem: 'há dias que nenhuma palavra é capaz de descrever o que aqui se passa'...
Para não falar no famoso transplante que a ouvir as pessoas é tão simples como tomar uma aspirina. Simples é, na medida em que o transplantado recebe a medula a transplantar através do caterer: parece uma transfusão. Mas aqui acabam as parecenças. Para preparar o doente para o transplante é preciso 'eliminar' por completo a medula do próprio, o que é feito com doses ainda mais 'letais' de quimioterapia e outros processos. E depois é preciso que o transplante agarre, que não seja rejeitado, que não rejeite o seu novo hospedeiro, que o que resta do sistema imunológico do doente não se ponha a combater desenfreadamente este invasor... E os vómitos, e os enjoos, e as feridas no sistema digestivo, e os problemas na pele, e as complicações... são proporcionais. E este isolamento sim é rigorosíssimo e não costuma durar menos de dois a três meses.
No meio disto tudo, a Marta tem tido um percurso surpreendentemente bom.
Porque a quimio tem resultado (há crianças cujos cancros não cedem nem um milímetro a doses sucessivas de quimioterapia), porque de todas as infecções que podia já ter feito - fez poucas, porque de todas as complicações - só fez a dos fungos... Porque odiava 'fazer o penso do cateter' que tem que ser mudado todas as semanas, chorava, gritava, debatia-se e ficava roxa que nem uma beringela (descolam-se os adesivos que agarram à pele e isolam de infecções primárias, limpa-se, desinfecta-se com alcóol e colocam-se novos adesivos) mas já fez dois pensos sem chorar! No hospital de dia toda a gente sabe que de todas as crianças que por lá passaram só havia uma menina que não chorava quando fazia o penso. Agora se calhar vai passar a haver uma segunda.
E esse famoso cateter que tem funcionado sem problemas! Há crianças que com o mesmo tempo de cancro que a Marta já mudaram 4 vezes de cateter, outras que não podem pôr cateter.... E é vê-los serem picados para tirar sangue, para fazer tratamentos. E já nem tem a ver com a perícia das enfermeiras que é muita, tem a ver com a saturação e a dificuldade em gerir esta 'doença prolongada'.
A Marta é um deslumbramento e vive este desafio com uma maturidade e um sentido de humor que fazem pasmar todos: ao pé dela, a gente sente-se bem! Como não tem irmãos compatíveis e tem respondido bem aos tratamentos, os médicos decidiram não agendar para já o transplante na esperança de que a Marta seja dos raríssimos casos de mieloblásticas que se curam sem transplante. Eu acho isto uma benção do céu, não acham?
Perante tanto milagre, tanto mimo de Deus, como não viver em acção de graças?
Como não receber com toda a gratidão os paliativos que Deus nos manda, à Marta e a nós?
Como não louvar a Deus por esta avalanche de orações que amigos e desconhecidos têm feito descer sobre nós?
Nunca achámos que a vida fosse feita sobretudo ou só de coisas boas. Se agradecemos essas, como não agradecer as outras?
Se pedimos a Deus para acabar a vida nos Seus braços divinos, como achar que o nosso caminhar se pode fazer à margem daquilo que é intrinsecamente humano e que inclui dor e sofrimento?
Se sabemos que Deus gosta da Marta e de cada um de nós com um amor indizível e irrepetível, que para ela e cada um tem um projecto de amor perfeito, como não confiar, sem réstia de medo?
Se sabemos que nos entregámos à Providência misericordiosa de Deus, como não viver em absoluta paz?
Se sabemos que a fé é um dom gratuito, como não o receber com toda a humildade?
A felicidade não é a ausência de dor. A morte é a passagem para a verdadeira vida.
Deus criou-nos para sermos felizes: em que é que andamos a perder tempo?
De facto, a única coisa que devemos temer é o mau uso da nossa liberdade porque isso sim afasta-nos da felicidade.
Tudo o mais é a certeza absoluta do carinho e da ternura avassaladora de Deus por cada um de nós. Ser feliz é ter a certeza do amor de Deus por mim. É cantar, como Nossa Senhora, o meu 'Magnificat'.
Como é que eu estou? Estou óptima!
(in www.oblogdamartinha.blogspot.com)
7 de Fevereiro de 2008
Vaticano apela à solidariedade com os cristãos da Terra Santa
Todos nós que tivemos o enorme privilégio de visitar os Lugares Santos não podemos esquecer dos nossos irmaõs cristãos que durante séculos mantiver o culto dos locais.
Roy
Vaticano apela à solidariedade com os cristãos da Terra Santa
No início do período quaresmal, a Congregação para as Igrejas Orientais renovou o convite aos fiéis a "ajudarem espiritualmente e materialmente a comunidade católica" da Terra Santa.
O apelo está contido numa carta, endereçada aos bispos e aos fiéis católicos do mundo inteiro, assinada pelo prefeito do referido organismo vaticano, Cardeal Leonardo Sandri, que publica também um breve relatório sobre os projectos desenvolvidos no período 2006-2007 com os fundos adquiridos com as colectas em favor da Terra Santa.
Os cristãos são convidados a partilhar o fruto das suas renúncias quaresmais no tradicional peditório em favor dos Lugares Santos. A colecta de Sexta-feira Santa é, aliás, destinada a estas comunidades por explícita vontade dos Papas. A primeira remonta ao Papa Martinho V, que estabeleceu, em 1421, as normas acerca da colecta de ofertas.
Segundo o Cardeal Sandri, “a ausência de uma paz estável aumenta os antigos problemas nos Lugares Santos, agrava a situação de pobreza e gera novos problemas”.
Os cristãos que vivem na Terra Santa "merecem atenção prioritária da Igreja Católica e das outras Igrejas e Comunidades eclesiais", que "sempre precisam do carisma vivo das origens e da singular vocação ecuménica e inter-religiosa da qual são portadores".
Entre as urgências a serem enfrentadas, escreve, “encontra-se sempre o fenómeno imparável da emigração, que corre o risco de privar as comunidades cristãs dos melhores recursos humanos”.
“Nada podemos deixar de tentar, em vista de garantir que, ao lado dos monumentais testemunhos históricos do cristianismo, as comunidades vivas possam sempre celebrar o mistério de Cristo, nossa paz”, refere.
O Cardeal argentino faz votos de que "possa crescer o movimento de caridade" a fim de "garantir à Terra Santa a ajuda necessária para a vida eclesial ordinária e para necessidades particulares".
“Através da comunidade católica", assegura, a caridade "actuará sem distinção religiosa, cultural e política, sobretudo em favor das jovens gerações que poderão também continuar a usufruir da qualificada obra educacional católica".
Com a Carta, o Cardeal Sandri publicou também um documento sobre projectos mantidos nos últimos dois anos pela Custódia da Terra Santa. Tratam-se de obras em favor dos jovens, das famílias, bem como de apoio escolar e, também, de construção de apartamentos para os pobres e para os jovens casais.
(Com Rádio Vaticano)
Roy
Vaticano apela à solidariedade com os cristãos da Terra Santa
No início do período quaresmal, a Congregação para as Igrejas Orientais renovou o convite aos fiéis a "ajudarem espiritualmente e materialmente a comunidade católica" da Terra Santa.
O apelo está contido numa carta, endereçada aos bispos e aos fiéis católicos do mundo inteiro, assinada pelo prefeito do referido organismo vaticano, Cardeal Leonardo Sandri, que publica também um breve relatório sobre os projectos desenvolvidos no período 2006-2007 com os fundos adquiridos com as colectas em favor da Terra Santa.
Os cristãos são convidados a partilhar o fruto das suas renúncias quaresmais no tradicional peditório em favor dos Lugares Santos. A colecta de Sexta-feira Santa é, aliás, destinada a estas comunidades por explícita vontade dos Papas. A primeira remonta ao Papa Martinho V, que estabeleceu, em 1421, as normas acerca da colecta de ofertas.
Segundo o Cardeal Sandri, “a ausência de uma paz estável aumenta os antigos problemas nos Lugares Santos, agrava a situação de pobreza e gera novos problemas”.
Os cristãos que vivem na Terra Santa "merecem atenção prioritária da Igreja Católica e das outras Igrejas e Comunidades eclesiais", que "sempre precisam do carisma vivo das origens e da singular vocação ecuménica e inter-religiosa da qual são portadores".
Entre as urgências a serem enfrentadas, escreve, “encontra-se sempre o fenómeno imparável da emigração, que corre o risco de privar as comunidades cristãs dos melhores recursos humanos”.
“Nada podemos deixar de tentar, em vista de garantir que, ao lado dos monumentais testemunhos históricos do cristianismo, as comunidades vivas possam sempre celebrar o mistério de Cristo, nossa paz”, refere.
O Cardeal argentino faz votos de que "possa crescer o movimento de caridade" a fim de "garantir à Terra Santa a ajuda necessária para a vida eclesial ordinária e para necessidades particulares".
“Através da comunidade católica", assegura, a caridade "actuará sem distinção religiosa, cultural e política, sobretudo em favor das jovens gerações que poderão também continuar a usufruir da qualificada obra educacional católica".
Com a Carta, o Cardeal Sandri publicou também um documento sobre projectos mantidos nos últimos dois anos pela Custódia da Terra Santa. Tratam-se de obras em favor dos jovens, das famílias, bem como de apoio escolar e, também, de construção de apartamentos para os pobres e para os jovens casais.
(Com Rádio Vaticano)
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